Viver e Traduzir - Laura Wittner
Tradução: Maria Cecilia Brandi e Paloma Vidal
Editora: Bazar do Tempo
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“Viver e traduzir” abriu meu olhar para um mundo que em diversos momentos é invisível para mim: o da tradução. Das diversas coisas que lemos, ouvimos e assistimos ao longo da vida, várias não teríamos acesso se não fosse pelo trabalho dos tradutores, que se empenham em transmitir uma ideia, um sentido e um contexto, de uma língua para outra, criando pontes entre mundos, pessoas e histórias.
Nesse livro, a autora e tradutora argentina Laura Wittner, compartilha uma forma de diário com pensamentos que a permeiam durante seus trabalhos de tradução. Então acompanhamos ela em seu ofício enquanto vive a internação e o então falecimento do seu pai, em meio à pandemia, enquanto cria sua filha e vive com seu marido também tradutor, todos fatos que interferem em seu trabalho, afinal quem somos nós senão o emaranhado de tudo que nos acontece?
“Traduzir é perguntar-se várias vezes por dia: ‘É assim que se diz ou estou inventando?’”
Laura traduziu autores como Leonard Cohen e Katherine Mansfield, é uma poeta premiada e nessa leitura vai nos colocar na imersão que é realizar um trabalho de tradução e em como o tradutor precisa não só entender o sentido daquilo que está escrito (e muitas vezes interpretar até além do que o autor pensou ao escrever), mas também o contexto e a cultura de uma história. E é um trabalho tão imersivo que muitas vezes ela precisa parar um pouco e sair daquele universo, para então encontrar certas palavras para uma tradução, que surgem a partir de uma conversa ou até de alguma música.
“E volto a esta ideia: esse deveria ser o jeito de traduzir: deslocar-se até o lugar. Cheirar, comer, andar.”
Outro ponto interessante é que duas tradutoras se uniram para criar a ponte entre o inglês, o espanhol e o português: a Maria Cecilia Brandi e a Paloma Vidal, inspiradas em um projeto da Laura Wittner de tradução em dupla. E assim elas criaram esse trabalho em que juntaram as suas vivências para construir um livro que transitasse entre essas línguas, além de deixar notas de rodapé com comentários sobre o trabalho de traduzir um livro sobre tradução, com suas reflexões sobre a passagem de Laura do inglês para o espanhol e delas tentando encontrar a melhor forma de trazer para o português, considerando o original em inglês e a tradução de Laura em espanhol, tornando essa experiência ainda mais enriquecedora para o leitor.
A Laura também fala sobre sua participação em oficinas de tradução e em como é possível cada tradutor chegar a um resultado diferente, mesmo que em apenas uma frase, o que me faz pensar realmente em como a bagagem que cada pessoa carrega interfere na forma como ela vê o mundo e como interpreta cada texto para uma tradução. E dessa forma, criamos um mundo infinito de livros e leituras.
“Traduzir é se embrenhar dentro de alguém. Abrir um espaço, também, para que esse alguém se embrenhe dentro da gente.”
Esse texto é então, além de uma resenha, uma declaração de amor à todos os tradutores que dedicam suas vidas à criar pontes, para que a literatura alcance o maior número de pessoas e que nós possamos conhecer mais cada história e cultura espalhadas por esse mundo. E eu me comprometo a dar mais destaque e valor aos tradutores dos livros que eu leio, pois eles têm grande responsabilidade pelo meu amor à literatura!
Lá no Instagram eu resgatei meu microfoninho e fiz um vídeo sobre esse livro, caso queira ver esse formato também:
Um abraço a todos e até a próxima edição!
Valeu pela dica!