1) Desterros - Natália Timerman
Editora: Todavia
Natalia Timerman é autora de “Copo Vazio” e “As Pequenas Chances”, mas seu livro de estreia na verdade foi Desterros, republicado agora pela Todavia, em que vai narrar histórias de presidiários que conheceu enquanto trabalhava no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário. As histórias são muito interessantes, com pessoas que veem os seus crimes e suas realidades de diversas formas, tanto com arrependimento, quanto sem remorso algum e até com uma falta de compreensão sobre o que fizeram, e a Natalia traz o lado humano dessas pessoas que são tratadas de forma oposta pela sociedade. Gostaria que a autora tivesse trazido mais o lado psiquiátrico sobre os personagens, mas não deixa de ser um livro interessante e importante.
2) História do Novo Sobrenome - Elena Ferrante
Editora: Biblioteca Azul
Tradução: Maurício Santana Dias
Diferentemente do primeiro romance, em que me lembrava de já ter lido várias partes (Li uma vez em 2017 e outra em 2020), nesse foi como ler pela primeira vez (Só havia lido em 2017). Não me lembrava de quase nada da história e me choquei com as absurdas três estrelas que coloquei na minha avaliação no Goodreads. Claramente não li com a atenção devida.
Nesse segundo romance, acompanhamos o amadurecimento de Lila e Lenu, dos 17 aos 23 anos, sempre da perspectiva da Lenu. Os acontecimentos que, enquanto crianças, observavam acontecendo com os adultos, como as violências, os relacionamentos, as dificuldades com a família e o trabalho, agora elas vivem na pele. Não vou contar muito da história, para não estragar a experiência de quem ainda não leu, mas continuei da mesma forma que fiz com o primeiro livro: intercalando a leitura com a série da HBO. Não sei avaliar qual dos livros gostei mais, porque pra mim eles são grandiosos da mesma forma, a diferença é que agora que estamos mais perto das violências que antes, quando crianças, elas viam de longe, essa leitura se torna mais pesada, mas igualmente incrível.
3) O Som e a Fúria - William Faulkner
Editora: Companhia das Letras
Tradução: Paulo Henriques Britto
Esse livro estava na minha lista de 10 Livros para 2025 e era um que eu ensaiava comprar e ler há muitos anos, mas sempre acabava deixando pra outra hora, por medo. Decidi finalmente lê-lo e ainda bem que tomei essa decisão! O livro é, de fato, complexo, causando um estranhamento, uma vez que o primeiro capítulo é narrado por Benjamin, um dos filhos da família Compson, que possui uma deficiência intelectual, então a forma como ele percebe o mundo é confusa e os tempos se bagunçam em sua narrativa. O livro é formado por quatro capítulos, cada um com um narrador diferente e a história vai se clareando a medida que a leitura avança, como um quebra cabeça, formando algo maior. É um livro pesado, com temas como racismo, incesto, misoginia e outros (para não dar spoilers), mas o livro é escrito de uma forma única, diferente de tudo que já li. Me vi perdida em vários momentos e passei a anotar os personagens e os fatos para não me perder, mas é uma experiência de leitura que recomendo pra todo mundo! Além da leitura desse clássico, a edição conta com um texto de Jean-Paul Sartre, de 1939, e uma análise de Paulo Henriques Britto sobre as dificuldades de traduzir esse livro que é maravilhosa.
No mês passado decidi gravar um vídeo falando mais sobre as minhas leituras, para acompanhar a newsletter e trazer outro formato, mais detalhado e descontraído, e esse mês fiz novamente. Falei sobre o que li em Junho, mas também sobre livros que recebi e dois que comprei e estou muito animada para ler! Caso goste desse outro formato, ficaria muito feliz se desse uma passada por lá. Até a próxima!